19 de janeiro de 2009


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.


O rio corre, bem ou mal,

Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Liberdade, Fernando Pessoa

3 comentários:

beca disse...

Filha sofre.
Esse tal de PESSOA tem sempre algo para se pegar, também não era de
esperar outra coisa de alguém tão versátil.
Eu não sou tão versátil, mas sempre vou dando os meus palpites, mesmo quando não são bem aceites, não é filhota?
Bjs grandes
Mãe, a tal.

Anónimo disse...

Mantenho a minha mensagem de ontem, por volta da uma da manhã (em relação a algo que se prolongou até as cinco, devo dizer, sem grandes benefícios). Seja o que (ele --> entenda-se, Bacelar) quiser...

effetus disse...

Olá, Filipa!
Estás numa de preguicite????
Nem parece teu...
Mas gostei.